Agricultura e pecuária regenerativa
Não basta conservar, é preciso regenerar: a TNC Brasil trabalha em colaboração com diversos parceiros para estimular a transição em larga escala para as práticas de agricultura e pecuária regenerativas como uma forma de transformar cadeias produtivas e impulsionar a restauração de áreas degradadas. A estratégia permite unir a melhoria da produtividade agropecuária com os benefícios ambientais da conservação do solo e da água.
Embora preste importantes serviços ecológicos, como sumidouro natural de carbono e grande reservatório de água, o Cerrado atualmente está sob forte impacto da expansão da fronteira agrícola, o que torna sua conservação crítica tanto para as comunidades locais quanto para todo o planeta.
E o que é, afinal, a agropecuária regenerativa?
Trata-se de um conjunto de práticas de manejo e processos agropecuários que buscam recuperar os sistemas de produção alimentar, em especial os solos, restaurando sua biodiversidade. Entre elas, a redução ou supressão da mobilização do solo, a manutenção de resíduos orgânicos na superfície do solo, diversificação de espécies, cultivos integrados e consorciados, rotação de culturas, controle biológico de pragas, entre outras.
Um exemplo é a iniciativa Reverte da TNC Brasil com grandes empresas, que desde 2021 apoia e incentiva agricultores do Cerrado a transformarem pastagens degradadas em solos produtivos, aumentando a produtividade da agricultura e da pecuária bovina, de forma economicamente viável e sem a necessidade de abertura de novas áreas para pastos e plantios.
A abordagem regenerativa contribui, assim, para a preservação da vegetação nativa e dos mananciais hídricos. Hoje o programa Reverte soma 206 fazendas no Mato Grosso, Goiás e Maranhão, com um compromisso coletivo de restaurar 140 mil hectares de solos degradados.
O programa Reverte foi desenhado para apoiar os produtores rurais com crédito para financiar os insumos necessários para evoluírem com a recuperação dos solos, e também por meio de assistência técnica, com protocolos agronômicos dedicados à regeneração. Os indicadores de saúde do solo, por exemplo, são medidos por meio da tecnologia Bioanálise de Solos (BioAS), da Embrapa. A expectativa é de que até 2030 sejam recuperados 1 milhão de hectares de solos degradados para áreas com sistemas integrados de produção (incluindo lavoura, pecuária e floresta) em todo o Brasil.
No Vale do Araguaia, no Cerrado matogrossense, outra iniciativa de intensificação sustentável da pecuária foi realizada pela TNC Brasil e parceiros entre 2016 e 2019. O projeto Campos do Araguaia envolveu 36 produtores rurais em 44 mil hectares, com iniciativas de regularização ambiental e agrícola de imóveis rurais, apoio técnico para restauração de áreas degradadas e para aumento da produtividade e implementação de unidades demonstrativas. O projeto foi um passo importante para solidificar a participação do Vale do Araguaia na agenda do programa Produzir, Conservar e Incluir, um compromisso coletivo capitaneado pelo governo do Mato Grosso para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
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