Indígenas Paresi dançando em espaço aberto na aldeia.
INDÍGENAS PARESI Comunidade da aldeia Wazaré dançando em apresentação cultural. © Erik Lopes/TNC

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O turismo como uma oportunidade de renda para os Povos Indígenas

Foi aprovado o primeiro plano de visitação de turismo indígena do estado do Mato Grosso, idealizado pelo povo Paresi

Foi aprovado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) o primeiro plano de visitação em Terra Indígena no estado do Mato Grosso. O projeto turístico-cultural foi desenvolvido pela comunidade da aldeia Wazare, da etnia Haliti Paresi, liderada pelo cacique Rony Paresi.

A elaboração do plano contou com o apoio da The Nature Conservancy (TNC), da Operação Amazônia Nativa (OPAN) e  consultoria da Garupa, organização especializada em turismo sustentável de base comunitária, dentre outros parceiros. Desde 2011, indígenas do povo Paresi promovem o turismo como atividade de geração de renda. Mas, agora, com a regulamentação da atividade, será mais fácil articular parcerias com agências e operadores de turismo para expandir seus negócios, além de garantir que a atividade seja sustentável e atenda a aspectos econômicos, sem abrir mão do desenvolvimento social e conservação ambiental.

Os principais atrativos naturais nessas áreas, situadas na Bacia do Juruena, são cachoeiras e os vários rios que cortam os territórios, o que atrai visitantes de municípios próximos e de  outros estados , mas também existe o trabalho de apresentação da cultura tradicional do povo indígena. “Cada vez mais a comunidade está percebendo a viabilidade de difundir e apresentar os nossos costumes, tendo a oportunidade de gerar uma renda com sua própria cultura”, afirma o cacique Rony Paresi.

Quote: Eduardo Barnes

Os Planos de Gestão são o fruto de um diálogo entre as várias comunidades e aldeias com a intenção de olhar para a organização da sua população e visualizar como pode ser uma agenda para o futuro da gestão dos seus territórios.

Coordenador de Gestão Territorial de Povos Indígenas da TNC Brasil

A expectativa é que o turismo nas comunidades entre na rota de viajantes que buscam conhecer o estado do Mato Grosso e sua diversidade cultural e  ecológica , sendo um potencial atrativo também para turistas estrangeiros.

O fortalecimento do turismo foi levantado como uma das oportunidades de geração de renda para as comunidades e de uso sustentável do território no Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) do Povo Paresi. “Os Planos de Gestão são o fruto de um diálogo entre as várias comunidades e aldeias com a intenção de olhar para o seu território, para organização da sua população e visualizar como pode ser uma agenda para o futuro da gestão dos seus territórios”, afirma Eduardo Barnes, Coordenador do Eixo Gestão Territorial da Inciativa Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais da TNC Brasil. Os PGTAs são um instrumento importante para a conservação e a consolidação dos desejos dos povos indígenas e a definição de atividades prioritárias para geração de renda das comunidades, além de ser um documento que facilita a comunicação dos indígenas em negociações para a gestão dos territórios. A TNC tem trabalhado há mais de 20 anos para apoiar os povos indígenas na gestão de seus territórios, colaborando para a construção da Política Nacional de Gestão Ambiental e Territorial em Terras Indígenas (PNGATI) e também no apoio a elaboração e implementação de PGTAs de povos indígenas da Amazônia legal.

Rony Paresi, cacique da Aldeia Wazaré, demonstrando plantas medicinais durante passeio no plano de visitação de turismo.
CULTURA TRADICIONAL Rony Paresi, cacique da Aldeia Wazaré, demonstrando plantas medicinais durante passeio no plano de visitação de turismo. © Erik Lopes/TNC

 “Com a aprovação desses planos do  Turismo , as comunidades de terras indígenas começam a se preparar para exercer a atividade de turismo com segurança e, sobretudo, respeitando o direito coletivo sobre esse território”, explica Camila Barra, antropóloga da Garupa. Para que um plano seja aprovado, é preciso que as comunidades descrevam detalhadamente as atividades de turismo realizadas, públicos-alvo, envolvimento da população indígena e estratégias para manutenção do bem-estar nas Terras Indígenas.

Além do turismo, os indígenas Paresi também desenvolvem outras atividades econômicas, como a agricultura tradicional  e mecanizada, piscicultura  e outros. Um turismo sustentável estabelecido pode ajudar a diversificar mais sua fonte de renda, fortalecer sua cultura, melhorar a qualidade de vida da comunidade e a conservação da natureza em seus territórios.