Produtos da floresta ganham espaço na economia da Amazônia
Semana do Extrativismo reuniu virtualmente comunidades extrativistas, empresas e organizações parceiras para avaliar os avanços do mercado.
A economia da Amazônia está em constante transformação, e é possível vislumbrar um futuro mais verde. Com o crescimento de um mercado consumidor mais exigente, que escolhe produtos com base em sua maior qualidade e impactos socioambientais, os produtos florestais se mostram como importantes alternativas sustentáveis para o consumo de alimentos e matéria-prima para medicamentos, cosméticos e produtos de uso cotidiano.
Os produtos da floresta incluem frutas e sementes extraídas da floresta e comercializadas in natura, mas também produtos processados de forma tradicional, como borracha, óleos e farinhas. Os povos indígenas Xikrin e Parakanã, que fazem parte da Rede de Cantinas da Terra do Meio, na região do Xingu, contam com o apoio da The Nature Conservancy (TNC) para potencializar sua capacidade de gestão, armazenamento de produto e vendas de castanha do Pará, por exemplo. As mulheres indígenas Xikrin, da Terra Indígena Trincheira Bacajá, também atuam na produção de óleo de babaçu, com a criação da marca Menire, já a etnia dos Parakanã, além da valorização da castanha, aumentaram sua capacidade de gestão e produção da arte Parakanã em peças de artesanato, feito pelas mulheres da comunidade à base de produtos florestais sustentáveis. As atividades fazem parte da implementação do Plano de Gestão Territorial e Ambiental (PGTA) desenvolvido por cada povo, com o objetivo de proteger seus territórios e desenvolver projetos de uso sustentável dos recursos naturais nas Terras Indígenas Trincheira-Bacajá e Apyterewa.
Para fortalecer o mercado extrativista no sul do Pará, a Semana do Extrativismo da Terra do Meio (SEMEX) reúne desde 2013 comunidades extrativistas, incluindo ribeirinhos, povos indígenas e agricultores familiares, que fazem parte da Rede de Cantinas da Terra do Meio, ONGs e empresas que utilizam produtos florestais como matéria prima. A sétima edição aconteceu online e por rádio pela primeira vez, em razão da pandemia e e evitando encontros presenciais para conter disseminação do COVID-19, nos dias 10 e 17 de setembro, para apresentar os resultados anuais da Rede de Cantinas e estratégias de prevenção durante a pandemia, além de discutir a proteção dos territórios e projetos futuros das comunidades. A VII SEMEX contou com a realização da Associação Amoreri, instituição que faz a gestão central da Rede de Cantinas, o Instituto Socioambiental (ISA) e da The Nature Conservancy (TNC), em parceria com todas associações pertencentes a Rede de Cantinas da Terra do Meio e a empresa Unyleya.
Uma das importantes articulações da Rede, por exemplo, é a venda de produtos para uso na merenda escolar do município de Vitória do Xingu. O arranjo para essa parceria contou com o apoio da culinarista Bela Gil. Grande porta-voz da utilização de produtos sustentáveis na alimentação, Bela afirma que “é enriquecedor ver de perto e conhecer a vida, a dinâmica, a logística para uma castanha chegar à mesa. É uma experiência que uma pessoa da cidade grande deve vivenciar. Muda a relação com a comida, com a floresta e com os povos da floresta.”
A economia da floresta é uma oportunidade para promover o desenvolvimento sustentável e proteção da floresta em pé e da biodiversidade, fortalecendo economicamente comunidades tradicionais, como povos indígenas, ribeirinhos e agricultores familiares. Só a Rede de Cantinas da Terra do Meio, movimentou mais de R$1 milhão entre janeiro e setembro de 2020, com a venda de mais de 200 toneladas de castanha-do-Pará e 255 litros de óleo de babaçu, além de outros produtos da floresta, como borracha de látex natural, cumaru e óleos de copaíba e andiroba. Um modelo econômico promissor que fortalece comunidades e protege a natureza.