Recuperar florestas pode custar US$ 1,2 bilhões por ano
Estudo mostra que o Cerrado tem situação mais delicada que a Amazônia e a Mata Atlântica.
Para cumprir a meta de recuperar 12 milhões de hectares em áreas degradadas na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica até 2030, o investimento que o Brasil deverá fazer será entre US$ 700 milhões e US$ 1,2 bilhão ao ano, dependendo da técnica utilizada.
O cálculo para implementar o compromisso brasileiro no Acordo de Paris foi feito por pesquisadores da The Nature Conservancy (TNC) junto com técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e das universidades de São Paulo e da Califórnia.
Segundo o estudo “What makes ecosystem restoration expensive? A systematic cost assessment of projects in Brazil”, publicado na revista “Biological Conservation”, é mais caro regenerar a vegetação do Cerrado que a da Amazônia e da Mata Atlântica, considerando o plantio total da área.
O custo médio, por hectare, pode ser próximo a US$ 2 mil no caso da Amazônia, US$ 2,1 mil para a Mata Atlântica e US$ 3 mil no Cerrado. Na técnica de plantio total é preciso preparar o solo, retirar gramíneas e aplicar nutrientes.
“No caso do Cerrado, a cadeia de restauração é pequena, ainda estamos em processo de conhecimento de como regenerar o bioma”, diz Julio Tymus, Especialista em Restauração da TNC e um dos autores do estudo. “Não existe disponibilidade de mudas para o Cerrado”, completa.
Além do desafio em implementar cadeias de restauração dos biomas que consigam dar conta do objetivo brasileiro, há um atraso em iniciar a implementação. É preciso ter um plano e incentivos para cumprir a meta, além de estratégias e cadeias de produção de mudas e sementes.
O estudo dos pesquisadores, contudo, indica potencial de investimento e inovação no setor. Os métodos mais econômicos para expandir a vegetação nativa no mundo são a regeneração natural, quando a vegetação se recupera sozinha desde que a área seja delimitada, e a regeneração assistida, que exige ações específicas para acelerar o processo de recuperação do bioma.
Estes métodos, entretanto, estão presentes em apenas 15% dos projetos em curso no Brasil. Os mais usados são os mais caros, com plantio de mudas e semeadura direta. Estes casos, em que mudas e sementes são usadas na área total a ser recuperada, correspondem a algo entre 60% e 90% de todos os projetos de restauração em andamento no país.