Notícias

Inteligência Artificial, drones e imagens de satélite são os novos aliados na restauração florestal

O protocolo visa democratizar o acesso ao monitoramento, fornecendo informações e orientações práticas para diversos atores da restauração

Protocolo de monitoramento Inteligência Artificial, drones e imagens de satélite são os novos aliados na restauração florestal © TNC BRASIL

Entre as diversas etapas que constituem um projeto de restauração florestal, o monitoramento desempenha um papel importante, permitindo avaliar indicadores que medem a trajetória ecológica da área em processo de restauração. Em outras palavras, o monitoramento possibilita verificar se a restauração está progredindo ao longo do tempo e se a vegetação está se recuperando de forma eficaz. Contudo, monitorar o sucesso de projetos de restauração é um desafio em qualquer lugar do mundo. Logística difícil, áreas remotas, custos elevados e tempo para as avaliações de campo são alguns dos obstáculos no processo. Atualmente, as avaliações feitas em campo contam com alguma tecnologia, mas ainda não está totalmente difundida no processo.

Embora ferramentas como drones, imagens de satélite e inteligência artificial possam contribuir significativamente para melhorar a qualidade, escala e frequência do monitoramento da restauração através da coleta e análise de dados, elas ainda não são amplamente utilizadas nas iniciativas de restauração. Pensando nisso, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e a Aliança pela Restauração na Amazônia, em parceria com a The Nature Conservancy (TNC) Brasil, Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (ESALQ/USP), Universidade Federal de Goiás (UFG) e outras instituições, elaboraram o Protocolo de Monitoramento da Restauração da Mata Atlântica e da Amazônia via Sensoriamento Remoto.

O documento, inédito no Brasil e no mundo, é resultado de mais de dois anos de trabalho para reunir, de forma prática, o passo a passo de como utilizar ferramentas tecnológicas para monitorar o desenvolvimento da vegetação em áreas de restauração florestal. O objetivo é ampliar os recursos de monitoramento ecológico, introduzindo novas alternativas de análise, que permitam monitorar territórios maiores com mais qualidade e temporalidade, do que tradicionalmente é desenvolvido apenas com o trabalho em campo.

Quote: Julio Tymus

É uma importante ferramenta no monitoramento florestal de resultados. Vale destacar que o monitoramento remoto não substitui o trabalho de campo, mas traz escala, temporalidade e qualidade para o monitoramento.

Especialista em restauração ecológica da TNC Brasil

“O protocolo é um presente para os membros do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e da Aliança pela Restauração da Amazônia, mas também serve para ONGs, empresas, pesquisadores e, principalmente, governos, que precisam monitorar as áreas de regularização ambiental. É uma importante ferramenta no monitoramento florestal de resultados. Vale destacar que o monitoramento remoto não substitui o trabalho de campo, mas traz escala, temporalidade e qualidade para o monitoramento.”, declara Julio Tymus, especialista em restauração ecológica da TNC e um dos organizadores do material.

O protocolo visa democratizar o acesso ao monitoramento, fornecendo informações e orientações práticas para diversos atores que estão envolvidos na restauração, desde órgãos governamentais e financiadores até restauradores. O manual mapeia o que chamamos de produtos de prateleira, que são basicamente os recursos tecnológicos que já estão validados e disponíveis para uso, explorando o uso de produtos do MapBiomas e do Google Earth Engine*, por exemplo, como uma alternativa acessível para o monitoramento ecológico, capaz de estimar a cobertura vegetal. Ou mesmo detalha o uso de drones com sensores Lidar (Light Detection and Ranging), tecnologia de sensoriamento remoto que usa lasers para mapear a superfície terrestre em alta resolução, podendo monitorar a estrutura da vegetação, avaliar a biomassa e guiar intervenções de manejo.

A publicação chega para complementar o Protocolo de Monitoramento para Programas e Projetos de Restauração Florestal, lançado pelo Pacto em 2013, que se tornou referência para o monitoramento da restauração no Brasil.

O uso da tecnologia é um grande avanço para a área. Por isso, o manual detalha a metodologia de coleta de dados em campo e como integrar essas informações com as análises feitas por sensoriamento remoto, incluindo o uso de drones e imagens de satélite. A inteligência artificial é utilizada para reunir e processar os dados, tornando o monitoramento mais eficiente e preciso. Por meio de um mapeamento que apresenta ferramentas, métodos e os cuidados necessários para utilizar as tecnologias já disponíveis, àquelas com as quais os restaurados tem mais familiaridade e acessibilidade.

O manual está disponível para download gratuito e representa um avanço significativo na área de restauração florestal, tornando o monitoramento mais acessível e eficiente

Download

Protocolo de monitoramento

Protocolo de monitoramenteo da restauração da Mata Atlântica e da Amazônia via sensoriamento remoto

Baixar