Sementes da terra, as mulheres.
Intercâmbio no Oiapoque reúne representantes de Povos Indígenas da Amazônia
Em novembro de 2022 representantes de 10 Povos Indígenas participaram do 2º Intercâmbio Diálogo de Mulheres Indígenas da Amazônia, realizado pela Associação das Mulheres Indígenas em Mutirão (AMIM), com apoio da União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB) e da The Nature Conservancy (TNC).
O evento aconteceu na Aldeia Tukay, no Oiapoque , reunindo mais de 70 mulheres indígenas que atuam em suas comunidades em atividades políticas, ambientais, econômicas e sociais, sendo uma das ações da agenda de gênero que a TNC Brasil apoia com comunidade, como o intercâmbio que aconteceu em 2021. No evento foram discutidas pautas como o fortalecimento do protagonismo das mulheres na gestão dos territórios, construção de projetos sustentáveis de geração de renda e valorização dos conhecimentos ancestrais.
Claúdia Renata Lod, Coordenadora da AMIM, explica que o intercâmbio fez com que as mulheres conhecessem as realidades de comunidades com organizações sociais diferentes, trocando também experiências sobre suas culturas e formas de gestão para ajudar na condução de projetos que contemplem a diversidade de gênero. “Os encontros e intercâmbios trazem um sentimento de união maior, onde nós mulheres vemos que não estamos caminhando sozinhas. Mesmo em lugares diferentes nossos pensamentos são os mesmos, para um mundo mais igual para todos”, afirma Renata.
Quote: Rafaela Carvalho
O protagonismo das mulheres nos projetos de conservação da TNC Brasil tem se tornado referência para outros países. Victor Barreto, Domingos Ndedica e Suzana Bandeira, representantes da TNC em Angola que atual no Programa Bacia do Okavango, participaram do evento junto com Rafaela Carvalho e Luciana Lima, da equipe da TNC Brasil, para trocar experiências que vão apoiar a construção de iniciativas de apoio às comunidades tradicionais na África valorizando a igualdade de gênero.
“Foi uma experiência única, transformadora e muito gratificante”, afirmou Suzana Bandeira, Cientista da TNC em Angola. Ela também destacou a importância da troca de experiências na construção de projetos mais fortes e inclusivos, que ajudem a replicar modelos de sucesso como o dos projetos das mulheres indígenas da Amazônia. “São essas ideias que queremos levar para Angola, de trabalhar com as nossas comunidades, homens e mulheres, para ajudar a empoderar as mulheres e transformar as formas de pensar e de ser dos homens a ponto de aceitarem que as mulheres precisam de espaço e de fala. Porque mesmo preservando toda sua cultura as mulheres podem ir muito mais longe e florescer muito mais”, concluiu Suzana.
Os Povos Indígenas são parceiros fundamentais para o combate às mudanças climáticas e manutenção da biodiversidade, já que suas formas de gerenciar as Terras Indígenas, valorizando o conhecimento tradicional e o respeito a natureza, tem se mostrado como as maneiras mais eficazes de conservar a natureza. Apoiando a valorização do trabalho das mulheres das comunidades e fortalecendo agendas de igualdade de gênero, e promovendo um maior intercâmbio de conhecimentos entre as comunidades, esses trabalhos pela conservação fica ainda mais sólido. “Quando uma mulher compartilha sua história, ela compartilha um pouco de todas nós. Crescemos quando nos juntamos, e elevamos umas às outras com toda nossa pluralidade”, afirmou Rafaela Carvalho, Analista da equipe de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais e Co-Líder do L-WIN Brasil da TNC Brasil.