As mulheres na transformação do mundo
Mulheres da TNC Brasil publicam livro sobre suas vivências, refletindo sobre como construir caminhos para um mundo mais igualitário.
Durante o último ano, já em um processo de redução do distanciamento físico e social provocado pela pandemia, as mulheres da TNC Brasil, animadas pelo Women in Nature (L-WIN), grupo local de apoio aos funcionários pela igualdade e equidade de gênero, iniciaram um processo de escrita coletiva, que resultou no livro "as mulheres na transformação do mundo: o tempo, o cuidar e o autocuidado". A proposta ancorou-se em uma provocação por partilhar como as mulheres que trabalham nas mais diferentes atividades da restauração e conservação ambiental vivenciam o trabalho, a casa, o tempo e as subjetividades. Aqui é importante destacar que a maioria destas trabalhadoras estão em regime de home office, assim, o trabalho enquanto dimensão socializadora confunde-se com outras práticas do trabalho doméstico.
O convite às mulheres foi amplo, com a intenção de publicar todos os textos recebidos, sem qualquer delimitação quanto a gênero textual e literário ou temáticas. Os textos recebidos com muita expectativa pela comissão organizadora se traduzem nesta coletânea de textos corajosos, sensíveis e plurais que agora compartilhamos. A escrita é sempre um desafio para as mulheres. Em alguns períodos a produção escrita das mulheres vinculava-se a produção do doméstico e do cuidado, a partir do registro do cotidiano da casa, da escrita de cartas para manter contatos familiares, das listas de compras e dos diários. Uma escrita mediada pelas estruturas que organizavam a maior parte do tempo da vida das mulheres.
Apropriar-se da escrita, exercitá-la, contar histórias reais e imaginadas, narrar o cotidiano e o desconforto foi o desafio proposto e enfrentado pelas mulheres que trabalham e constroem a The Nature Conservancy Brasil.
“Os textos caminham por tempos, memórias, por anseios e desejos. Falam de motivações, de preocupações e de arrojamento. Compreendemos que, nesta iniciativa coletiva, exercitamos todas a escrita e, através dela, a construção de uma narrativa de nossa experiência. Vemo-nos umas às outras em cada texto –é uma pluralidade que nos contém a todas. Diz-se que nós, mulheres, somos como águas: crescemos quando nos juntamos. É assim que vemos esta publicação, como um exercício de escrevivência que permite ver o quanto crescemos", afirmam Monica Vilaça, Rafaela Carvalho e Milena Ribeiro, organizadoras da publicação, na apresentação do livro.
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Esperamos que este livro fortaleça entre nós outras dimensões do nosso fazer além do trabalho. Compreendendo que o trabalho é espaço de socialização, de formação e aprendizados contínuos. Em nossas práticas de restauração assumimos o desafio de narrar o mundo de outraforma, de uma forma em que toda a vida é preciosa e precisa ser preservada. Esta narrativa se apoia num desejo de que possamos desconstruir, construir de novo e seguir imaginando novos caminhos que transformem o mundo para todes nós.