A importância de coletivos de restauração para a conservação de biomas e da biodiversidade
Coletivos de organizações e especialistas trabalham de forma colaborativa para alavancar e dar escala a restauração florestal no Brasil.
Por Rubens Benini, Líder de Florestas e Restauração da TNC Brasil
Vivemos um momento decisivo para na história da humanidade. Temos um imenso desafio e ao mesmo tempo, uma grande oportunidade nas mãos. Cientistas vêm nos alertando há alguns anos, que se quisermos viver em um planeta com temperaturas amenas, com água de qualidade e recursos naturais suficientes para a manutenção da vida na terra, precisamos ter consciência sobre a responsabilidade de cada um nesse processo de conservação. Garantir que gerações futuras terão acesso a boas condições de subsistência depende, em grande parte, de ações e iniciativas que estão sendo realizados agora. Mais do que nunca, é fundamental pensar a médio e longo prazo sobre quais medidas tomar e quais caminhos seguir para que avancemos juntos na única direção possível: onde natureza e humanidade prosperam juntas!
Esse caminho perpassa necessariamente por soluções e parte dessas soluções podem vir da própria natureza, como a conservação e restauração de florestas. Investimentos em restauração florestal podem assegurar bons retornos em termos de eficiência e resultados para os desafios que enfrentamos, podendo garantir 1/3 das reduções de emissões dos Gases do Efeito Estufa até 2030. Nesse sentido, movimentos de conservação e restauração exercem papel fundamental para o incentivo ao desenvolvimento de políticas públicas e cumprimento de leis, e a conscientização da sociedade civil, assim como de empresas privadas, além da abertura de diálogo e colaboração com iniciativas do poder público.
Um desses movimentos é o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica (Pacto), do qual tive a satisfação e honra de recente assumir a Coordenação Nacional. O Pacto, em seus 14 anos de existência, consta hoje com mais de 330 membros, que atuam com um objetivo em comum: ganhar escala na restauração desse importante bioma, na velocidade em que precisamos. Mantendo seu compromisso com a conservação da biodiversidade e dos biomas, a TNC foi uma das instituições que participou da fundação do Pacto em 2009, fortalecendo e priorizando o desenvolvimento de um trabalho que se baseia nas linhas de Mecanismos Financeiros Inovadores que podem trazer escala à Restauração; Comunicação e Capacitação e Monitoramento socioambiental.
Como um dos parceiros do Pacto, a TNC atua diretamente na articulação de ações e parcerias que viabilizem o cumprimento da meta de restauração de 15 milhões de hectares até 2050, sendo referência na integração de diferentes atores sociais e fortalecimento das frente de trabalho em prol da restauração ecológica.
Outra inciativa que vale ser conhecida é a Aliança pela restauração da Amazônia, criada em 2017 e com uma atuação que envolve diversos setores e instituições. Um dos seus principais objetivos é promover, qualificar e ampliar a escala da restauração de paisagens florestais na Amazônia brasileira.
A Coalizão Clima, Floresta e Agricultura, na qual sou um dos líderes da Força Tarefa de Restauração, também faz parte desses projetos e conta com o apoio de mais de 350 parceiros do setor privado, academia e sociedade civil. Atuamos na promoção de sinergia entre as agendas de proteção, conservação, uso sustentável das florestas naturais e plantadas, agropecuária e adaptação às mudanças climáticas. Na prática, o trabalho é direcionado à elaboração de propostas e soluções que possam ajudar o Brasil na condução dos compromissos assumidos em prol da restauração e conservação do meio ambiente.
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Com uma abordagem mais empírica e com o objetivo de garantir a efetividade das ações que são realizadas em território nacional, surgiu a Sociedade Brasileira de Restauração Ecológica (Sobre), que fomenta a conscientização sobre a importância de iniciativas restauradoras. Por meio da uma ampla rede de colaboradores, a Sobre trabalha na disseminação do conhecimento científico levando melhores práticas, orientações e informações para os processos locais, regionais e nacionais, visando uma tomada de decisão mais assertiva para a definição de políticas públicas e legislações relacionadas à restauração ecológica no território brasileiro.
Esses e outros grupos de trabalho têm como meta principal restaurar e conservar a biodiversidade e a pluralidade dos biomas, de maneira a garantir seus serviços ecossistêmicos, como água, clima e biodiversidade. Dessa forma, teremos ecossistemas saudáveis e as pessoas poderão ter maiores probabilidades de ter qualidade de vida, no futuro. Haverá recursos disponíveis para a garantia de vida, maiores chances de se combater as mudanças climáticas e um possível colapso da biodiversidade poderá ser reduzido.
Como colaborador da TNC e agora também como Coordenador Nacional do Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, assumo meu compromisso com as gerações futuras, cumprindo minhas responsabilidades com esse tema que é tão importante e se faz cada vez mais urgente. Me coloco à disposição para dialogar com quem tiver interesse em contribuir com a agenda de restauração.
Acredito que para ter um futuro melhor é imprescindível a união do poder público, empresas privadas e sociedade civil, ampliando e potencializando os resultados nos próximos anos de trabalho. Ser a ponte que interliga esses universos é uma responsabilidade que cumprirei com dedicação e muita satisfação.