A Importância da Restauração da Amazônia e a Mobilização de Parceiros
Por Rodrigo Freire, Líder de Áreas Privadas para a Amazônia na The Nature Conservancy (TNC) Brasil
A Amazônia é um dos ecossistemas mais importantes do planeta, desempenhando um papel crucial na regulação do clima global, na conservação da biodiversidade e no sustento de comunidades locais. No entanto, a floresta amazônica enfrenta desafios significativos devido ao desmatamento e à degradação ambiental. Desde 1970, aproximadamente 20% da floresta amazônica foi desmatada, ameaçando a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos que ela fornece. A restauração da Amazônia é, portanto, uma necessidade urgente para mitigar as mudanças climáticas, conservar a biodiversidade e promover uma economia sustentável.
Para enfrentar esses desafios, é essencial mobilizar diversos atores e formar parcerias estratégicas. A colaboração entre governos, ONGs, comunidades locais e o setor privado é fundamental para alcançar as metas de restauração. O Brasil se comprometeu, no Acordo de Paris, a restaurar pelo menos 12 milhões de hectares de florestas nativas até 2030, com uma meta específica de recuperar 4,8 milhões de hectares na Amazônia, segundo a Política Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg). A criação de coletivos, como a Aliança pela Restauração na Amazônia, tem se mostrado essencial para coordenar esses esforços e maximizar os resultados.
A Aliança pela Restauração na Amazônia foi criada em 2017, com a participação de organizações como a TNC (The Nature Conservancy (TNC) Brasil, que está à frente do coletivo desde 2022, como Secretaria Executiva. Antes da chegada da TNC na liderança da Aliança, foi dado um passo muito importante: a construção de seu planejamento estratégico, em 2021, que garantiu uma visão de longo prazo para a missão do coletivo.
Uma vez definido seu rumo, foi a hora de fortalecer a Aliança como organização. A profissionalização da gestão de um coletivo é crucial para garantir sua sustentabilidade e impacto a longo prazo. Sob a liderança da TNC, a Alianças estruturou um time para a secretaria executiva operacional, que permitiu uma abordagem mais estruturada e eficiente, com foco em comunicação interna e externa, captação de recursos e facilitação dos grupos de trabalho. Além disso, a estruturação de um escritório de projetos interno, com um gerente de projeto responsável por acompanhar entregáveis, metas e performance, trouxe maior eficiência.
Com a nova estrutura, a Aliança conseguiu aprovar projetos importantes, como o financiamento dos custos fixos pelo Fundo Vale. A profissionalização não só aumentou a autonomia da Aliança, mas também ampliou seu impacto na restauração da Amazônia. Cada Grupo de Trabalho (GT) atua em temas estratégicos, como políticas públicas, pesquisa e extensão, e bioeconomia da restauração. Por exemplo, o GT de Políticas Públicas ajudou a desenhar o Plano de Recuperação da Vegetação Nativa (PRVN) do Pará e acompanha a retomada do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg). O GT de Pesquisa e Extensão desenvolveu e começou a operar via a Universidade Rural da Amazônia (UFRA) e o Museu Emílio Goeld, um programa de treinamento em restauração para diversos atores, incluindo produtores, gestores e povos indígenas. Já o GT de Bioeconomia da Restauração mapeou 60 negócios de impacto na cadeia da restauração, destacando 13 como modelos de sucesso, com publicação do estudo no site da Aliança e da TNC.
A Aliança está constantemente evoluindo e buscando novas oportunidades. Há planos para estruturar um “hub de inteligência estratégica” para a implementação de projetos de restauração, identificando sinergias entre iniciativas existentes e permitindo uma visão completa sobre esse tema, como está avançando e onde falta investimento.
A experiência da Aliança pela Restauração na Amazônia demonstra que investir na ação coletiva é a forma mais sólida de buscar avanços e que a liderança de cada um pode fazer a diferença na longa estrada que é preservar a vida da qual todos dependem.