Uma vez que a população global provavelmente ultrapassará os nove bilhões de habitantes até 2050, pode parecer que a proteção ambiental e o desenvolvimento humano estejam destinados a permanecer em desacordo. Afinal, em muitos lugares nossas crescentes necessidades de energia, alimentos, minerais e transporte já devastaram a diversidade da vida na Terra. E as projeções atuais indicam que a pressão por desenvolvimento continuará a crescer, exigindo ainda mais dos ecossitemas nativos e das espécies que nelas vivem.
Mas a proteção da natureza também é vital para a saúde e a prosperidade das pessoas. Como as comunidades indígenas de todo o mundo demonstram para nós, é possível viver em harmonia com a natureza. Entretanto, com o aumento da população mundial e a crescente demanda por alimentos, habitação e energia, a criação de políticas para evitar a degradação de habitats intactos pode ser complicada.
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Hierarquias de mitigação podem ajudar governos, empresas e pessoas a tomar decisões difíceis acerca do desenvolvimento e seu impacto sobre a natureza. A ideia principal é evitar impactos sempre que possível, mas criar planos e padrões para reduzir e compensar os impactos que venham a ocorrer:
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Evitar impactos à biodiversidade
o passo mais importante
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Mitigar impactos
quando não for possível evitá-los
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Recuperar a função ecológica em outro lugar
o último recurso, implementado idealmente de forma a alcançar um ganho líquido para a biodiversidade
Na realidade, todos os 196 países que fazem parte da Convenção sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas e 116 das principais instituições financeiras do mundo comprometeram-se a adotar uma nova forma de crescimento que leve em conta a hierarquia de mitigação da biodiversidade. Isso pode parecer uma boa notícia, mas não imediatamente:
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42
42 países tornaram a compensação da biodiversidade uma exigência normativa.
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66
66 países criaram outras estratégias para a compensação.
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9
Porém, somente 9 países estão implementando essas estratégias atualmente. Isso precisa mudar.
A implementação de esquemas de mitigação mais robustos, que incluam a compensação da biodiversidade, ou seja, a recuperação de habitats para compensar novas perdas, é uma parte importante do alcance do ganho líquido para a biodiversidade da qual necessitam todas as formas de vida na Terra. O mundo gasta atualmente entre 6 e 9 bilhões de dólares em compensação, cerca de apenas 5% dos recursos necessários para compensar os impactos do desenvolvimento na biodiversidade. Isso representa uma lacuna de US$ 700 bilhões em financiamento na natureza.
Portanto, sabemos que os governos e as instituições financeiras precisam se esforçar para implementar os padrões com os quais se comprometeram, mas como?
Estudo de caso: Mongólia
Consideremos o problema da Mongólia. Nas últimas décadas, um crescimento vertiginoso da mineração vem pressionando suas preciosas terras nativas, colocando em risco aquilo que o país considera ser o mais extenso ecossistema de estepes do mundo, no Deserto de Gobi, na Ásia Central.
Este novo setor rapidamente tornou-se responsável por grande parte do PIB do país. Com muitas pessoas vivendo abaixo da linha da pobreza, a subsistência dos mongóis dependia disso.
Contudo, os mongóis também queriam proteger a imensa riqueza natural da nação. Para compensar o rápido crescimento da mineração e da infraestrutura relacionada, o governo recentemente comprometeu-se em proteger 30% de todas as suas terras nativas, 195.000 quilômetros quadrados, uma área do tamanho do Senegal ou maior que Portugal e Islândia juntos.
Não apenas quaisquer terras: o governo garantiu que as terras protegidas representem a distribuição total e a diversidade das espécies nativas e ecossistemas da Mongólia em 50 áreas.
Quando se tratou de colocar esse trabalho em prática, uma clara hierarquia de mitigação foi crucial:
Você pode fazer parte da mudança!
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Doe ÁrvoresHoje, a implementação de sistemas de hierarquia da mitigação e compensação da biodiversidade é mais importante do que nunca. Sabemos que a perda da biodiversidade e as mudanças climáticas representam ameaças urgentes à saúde e à prosperidade globais, porém, a proteção e a recuperação da natureza exigirão que mobilizemos recursos financeiros significativos.
No momento em que a economia global emerge de uma queda provocada pela pandemia, temos uma imensa oportunidade de repensar como e para onde canalizar o dinheiro, embora, até o momento, somente US$ 1,8 trilhão dos estimados US$ 17,2 trilhões em fundos de incentivo tenha sido disponibilizado para reduzir as emissões de gases do efeito estufa ou para promover a manutenção da biodiversidade. Uma outra parcela desse financiamento deve ser reservada para estratégias que ajudem as pessoas e a natureza.
Tendo em vista que os líderes globais estão prontos para renovar os compromissos com a biodiversidade e o clima ainda este ano, é hora de os governos e o setor privado aumentarem sua disposição de enfrentar as crises, e as oportunidades únicas, que temos diante de nós.
Faça download destes infográficos para conhecer outros mecanismos inovadores que podem ajudar a financiar um futuro sustentável, incluindo mercados de carbono e a reforma dos subsídios para a agricultura.
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Construindo um Mundo Melhor para a Biodiversidade
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A compensação da biodiversidade requer que os desenvolvedores assumam um compromisso simples: tornar a proteção da biodiversidade uma importante prioridade e quando a destruição for realmente inevitável, recuperar a integridade e o valor ecológico de um ecossistema semelhante.
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Desbloquear recursos para aprisionar o carbono
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Nosso planeta enfrenta duas crises urgentes e interligadas: a perda da biodiversidade e as mudanças climáticas. Mas há esperança. Com melhor proteção, manejo e recuperação dos ecossistemas naturais, podemos superar ambos os problemas ao mesmo tempo.
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Direcionando novamente subsídios para a natureza
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O aprimoramento da maneira como produzimos alimentos é a maior oportunidade que temos para salvar nosso planeta. Em todo o mundo, os governos estão gastando centenas de bilhões de dólares com subsídios prejudiciais.
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