A COP26 apresentou o maior contingente de povos indígenas das últimas edições. A justiça climática, a inclusão e a acessibilidade dos povos foram temas que pautaram as conversas e negociações. Mas é preciso mais.
A Conferência tinha a missão de ser um evento marcado pela inclusão e representatividade, porém, não começou da melhor maneira: a ministra da Energia de Israel, Karine Elharrar, que é cadeirante, não conseguiu participar porque não havia transporte para a sua cadeira de rodas. Sinal da falta de tempo de preparação do espaço da Conferência devido às restrições impostas pela pandemia da COVID-19. Representantes de povos indígenas e comunidades tradicionais e jovens de vários lugares do mundo fizeram alguns dos discursos de maior destaque na imprensa global, destacando a urgência de avançarmos na construção de acordos mais inclusivos e ambiciosos.
Parte dos compromissos anunciados reforçaram a relevância do apoio aos povos indígenas e comunidades tradicionais. Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Noruega e Holanda anunciaram a promessa de doação de USD 1.7 bilhão diretamente para povos indígenas e comunidades locais em todo o planeta, como forma de reconhecimento pelo seu papel na proteção das terras e florestas. Este investimento climático será utilizado para ajudar na implementação dos planos de vida, ou seja, na gestão das áreas indígenas de acordo com as definições de cada comunidade, e na confirmação dos seus direitos à terra.
Esta promessa de investimento foi um sinal importante para que se possa dar um passo mais longo em direção à justiça climática, uma vez que as mudanças climáticas têm, também, implicações sociais, éticas e políticas. Os efeitos das mudanças climáticas afetam de diferentes formas e intensidades muitos grupos sociais e, por isso mesmo, é essencial que as medidas de mitigação e adaptação priorizem as populações mais vulneráveis.
O Código de Conduta da TNC destaca a visão de que a união entre as partes faz um todo mais forte. Abraçamos a diversidade e olhamos para as diferenças como uma riqueza, uma excelente oportunidade para evoluir. Cada vez mais buscamos enfatizar a diversidade em nossos bancos de candidatos e painéis de entrevistas para vagas de trabalho na TNC, para praticarmos mais ativamente a inclusão.
Procuramos, também, estabelecer parcerias com comunidades locais para garantir respeito pelas diferenças e para que nossas ações levem benefícios sólidos para as comunidades com quem trabalhamos.
É importante que todos tenham uma voz ativa na discussão de compromissos ambientais. Sempre que é possível incluir nas mesas de negociações representantes de associações, de ONGs, de sindicatos, de comunidades locais, de quilombolas, de povos indígenas, a visão do todo fica reforçada. Para a transformação que precisamos, toda parte é importante e fundamental nesta equação e muitas vezes precisamos em pensar em como viabilizar a participação efetiva dos interessados mais vulneráveis.
Com essa visão global, juntos, poderemos encontrar caminhos que possam ser mais benéficos a todos. É desta forma que conseguiremos criar compromissos mais sólidos e possíveis de implementar.